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- Publicado em Quarta, 16 Novembro 2011 18:10
O ciclo de cheia e seca definiu por séculos o estilo de vida e marcou a pele da população pantaneira de modo ímpar, mas ainda pouco conhecido pelo próprio mato-grossense.
É que com freqüência as lentes dos fotógrafos também foram desviadas dessas peculiaridades pelo deslumbramento que a região provoca em tantos outros ângulos, generosos em fauna e paisagem. No entanto, a partir desta sexta-feira (18/11), na exposição fotográfica “Retratos e Relatos”, é o homem pantaneiro quem preenche o primeiro plano. O fotógrafo José Medeiros entrou nas casas, participou das festas e acompanhou o cotidiano de dureza dos pantaneiros para reunir 30 imagens de beleza essencialmente humana.
Há nove anos, José Medeiros explora o Pantanal com olhar dedicado ao povo que habita a planície. Em sua exposição, entram desde manifestações culturais como as festas de santo, o toque da viola de cocho, a Cavalhada e a dança dos Mascarados; detalhes de objetos feitos artesanalmente em casa, de roupas à bainha de couro do facão; e flashes da lida diária com os cavalos, o café-da-manhã, o fumo, os chapéus, as pequenas demonstrações de fé, os santos nas paredes de casa e a cera quente das velas nas mãos, as feições dos idosos, os olhares, as crianças e as mãos da benzedeira.
As imagens compõem o espaço da Galeria de Artes do SESC Arsenal, em Cuiabá, acompanhadas de poemas (Silva Freire e Manoel de Barros) e mais de uma hora de áudio captado durante as últimas passagens por Poconé e região. Enquanto as imagens enchem os olhos, a trilha sonora fisga os ouvidos do visitante com a voz de velhos pantaneiros e seu sotaque quase incompreensível, entremeados pelos ruídos dos animais. A experiência auditiva também inclui causos, uma canção católica e até o inconformado depoimento de uma velha pantaneira sobre como os jovens de Poconé estão se distanciando da cultura dos pais. “Vai acabar rezadeira”, reclama.
Na essência, esse tipo de preocupação também é uma causa do fotógrafo. Devido a um risco de sumiço do estilo de vida pantaneiro, desvendar traços culturais já centenários é uma tentativa de preservação e um olhar mais compromissado com o Pantanal que simplesmente repetir as imagens do bioma. Foi o que transpareceu para as curadoras Ângela Magalhães e Nadja Fonseca Peregrino, que também destacam em uma das imagens da exposição a sensação de uma memória pantaneira “cheia de hiatos” e beirando o esquecimento. “Somos um Estado rico de manifestações que às vezes passam despercebidas”, completa Medeiros.
Com apresentação de dança do grupo dos Mascarados de Poconé (tradição tão antiga quanto a própria cidade pantaneira), a abertura da exposição “Retratos e Relatos” está marcada para esta sexta-feira às 19h, na Galeria de Artes do SESC Arsenal, no bairro do Porto, em Cuiabá. No dia 26 de novembro, está programado um bate-papo com o fotógrafo às 19h, com causos e comentários sobre a exposição, que ficará aberta ao público até o dia 16 de dezembro (de terça a sexta-feira, das 14h às 21h; sábados, domingos e feriados das 16h às 20h). A entrada é franca.
Fonte: Agência FOTOS DA TERRA
Há nove anos, José Medeiros explora o Pantanal com olhar dedicado ao povo que habita a planície. Em sua exposição, entram desde manifestações culturais como as festas de santo, o toque da viola de cocho, a Cavalhada e a dança dos Mascarados; detalhes de objetos feitos artesanalmente em casa, de roupas à bainha de couro do facão; e flashes da lida diária com os cavalos, o café-da-manhã, o fumo, os chapéus, as pequenas demonstrações de fé, os santos nas paredes de casa e a cera quente das velas nas mãos, as feições dos idosos, os olhares, as crianças e as mãos da benzedeira.
As imagens compõem o espaço da Galeria de Artes do SESC Arsenal, em Cuiabá, acompanhadas de poemas (Silva Freire e Manoel de Barros) e mais de uma hora de áudio captado durante as últimas passagens por Poconé e região. Enquanto as imagens enchem os olhos, a trilha sonora fisga os ouvidos do visitante com a voz de velhos pantaneiros e seu sotaque quase incompreensível, entremeados pelos ruídos dos animais. A experiência auditiva também inclui causos, uma canção católica e até o inconformado depoimento de uma velha pantaneira sobre como os jovens de Poconé estão se distanciando da cultura dos pais. “Vai acabar rezadeira”, reclama.
Na essência, esse tipo de preocupação também é uma causa do fotógrafo. Devido a um risco de sumiço do estilo de vida pantaneiro, desvendar traços culturais já centenários é uma tentativa de preservação e um olhar mais compromissado com o Pantanal que simplesmente repetir as imagens do bioma. Foi o que transpareceu para as curadoras Ângela Magalhães e Nadja Fonseca Peregrino, que também destacam em uma das imagens da exposição a sensação de uma memória pantaneira “cheia de hiatos” e beirando o esquecimento. “Somos um Estado rico de manifestações que às vezes passam despercebidas”, completa Medeiros.
Com apresentação de dança do grupo dos Mascarados de Poconé (tradição tão antiga quanto a própria cidade pantaneira), a abertura da exposição “Retratos e Relatos” está marcada para esta sexta-feira às 19h, na Galeria de Artes do SESC Arsenal, no bairro do Porto, em Cuiabá. No dia 26 de novembro, está programado um bate-papo com o fotógrafo às 19h, com causos e comentários sobre a exposição, que ficará aberta ao público até o dia 16 de dezembro (de terça a sexta-feira, das 14h às 21h; sábados, domingos e feriados das 16h às 20h). A entrada é franca.
Fonte: Agência FOTOS DA TERRA
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Uma Photographia por si só vale por mil palavras?