Política | 26/12/2010 | 04h57min
2006: O presidente Luiz Inácio Lula da Silva toma banho de mar na Praia da Lagoa Doce, no município de Luís Correia, Piauí
Foto: Celso Júnior/AE
"A fotografia mais me ajudou. Afinal, sou um cara fotogênico", diz o presidente
Ricardo Chaves, editor de fotografia de ZH | ricardo.chaves@zerohora.com.br
. A fotografia é um dos principais instrumentos para compreender o que foram os oito anos do governo Lula. Pelas lentes do fotógrafo oficial, Ricardo Stuckert, se revela a trajetória do presidente operário que viajou pelo Brasil e pelo mundo, tratou a área social como prioridade, superou o escândalo do mensalão, se reelegeu e chega ao fim do mandato ostentando índices recordes de popularidade.
> A trajetória do presidente Lula em 20 fotos históricas
Faltando 15 dias para ele deixar o poder, perguntei ao presidente Lula se nos oito anos do seu mandato a fotografia, e os fotógrafos, tinham mais o ajudado ou atrapalhado.
Se não é fácil ficar tanto tempo exposto à curiosidade e às implacáveis lentes de tantos caçadores à procura de imagens interessantes, no caso dele poderia, talvez, ter sido ainda mais complicado, pois sua educação foi adquirida na luta pela sobrevivência e no chão da fábrica – onde, como torneiro mecânico, perdeu o dedo menor da mão esquerda, mutilação alvo constante da indiscrição das objetivas. Sem vacilar, respondeu em tom de brincadeira:
— Mais me ajudou, claro. Afinal, sou um cara fotogênico...
Logo depois, visivelmente emocionado, puxou para junto de si o fotógrafo oficial, Ricardo Stuckert, que estava ao seu lado, deu-lhe um abraço e completou:
— Esse garoto é fora de série, e tem outra coisa: trabalha por coco... – disse, numa alusão à dedicação do encarregado de produzir as imagens divulgadas pela comunicação da Presidência.
Ricardo Henrique Stuckert, ou Stuckinha, como é conhecido, tem 40 anos e acompanha Lula desde a posse do primeiro mandato. Juntos estiveram em 90 países. Voaram 4 mil horas. Percorreram 2 milhões e 793 mil quilômetros. Stuckinha é autor das 34 mil fotos disponibilizadas no site da Presidência, organizado por ele, e que teve quase 4 milhões de downloads.
Imagem pode não ser tudo, mas ninguém duvida de que tem grande importância. Especialmente para quem exerce o poder, como comprovam as antigas relações de papas e reis com os artistas de sua época. As pessoas sempre foram vulneráveis à persuasão da arte. Por meio dela, é possível transmitir confiança, construir uma identidade.
O imperador Augusto mandou fazer sua estátua de pés descalços, homem humilde, próximo do bem e da paz. Quem patrocina protege, e quem é patrocinado apoia. Do patrocínio à tutela, o caminho pode ser bem curto. Muitas vezes o conflito foi inevitável, resultado da insubordinação do artístico. Michelangelo chegou a levar uma paulada do papa Júlio II.
Leonardo da Vinci, contemporâneo de Machiavel, aproveitou os ensinamentos e encontrou no “Princípe” César Borgia um mecenas para bancar seus projetos. Entendeu que é preciso saber assediar o poder numa troca hábil e bem negociada para que sobrevivam as ideias.
Diego Velázquez (1599-1660) foi o principal artista da corte do rei Filipe IV de Espanha. Francisco Goya (1746-1828) foi nomeado em 31 de outubro de 1799 “primeiro pintor da câmara... com direito a coche”.
Leia a reportagem completa na edição deste domingo de Zero Hora.
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ZERO HORA
> A trajetória do presidente Lula em 20 fotos históricas
Faltando 15 dias para ele deixar o poder, perguntei ao presidente Lula se nos oito anos do seu mandato a fotografia, e os fotógrafos, tinham mais o ajudado ou atrapalhado.
Se não é fácil ficar tanto tempo exposto à curiosidade e às implacáveis lentes de tantos caçadores à procura de imagens interessantes, no caso dele poderia, talvez, ter sido ainda mais complicado, pois sua educação foi adquirida na luta pela sobrevivência e no chão da fábrica – onde, como torneiro mecânico, perdeu o dedo menor da mão esquerda, mutilação alvo constante da indiscrição das objetivas. Sem vacilar, respondeu em tom de brincadeira:
— Mais me ajudou, claro. Afinal, sou um cara fotogênico...
Logo depois, visivelmente emocionado, puxou para junto de si o fotógrafo oficial, Ricardo Stuckert, que estava ao seu lado, deu-lhe um abraço e completou:
— Esse garoto é fora de série, e tem outra coisa: trabalha por coco... – disse, numa alusão à dedicação do encarregado de produzir as imagens divulgadas pela comunicação da Presidência.
Ricardo Henrique Stuckert, ou Stuckinha, como é conhecido, tem 40 anos e acompanha Lula desde a posse do primeiro mandato. Juntos estiveram em 90 países. Voaram 4 mil horas. Percorreram 2 milhões e 793 mil quilômetros. Stuckinha é autor das 34 mil fotos disponibilizadas no site da Presidência, organizado por ele, e que teve quase 4 milhões de downloads.
Imagem pode não ser tudo, mas ninguém duvida de que tem grande importância. Especialmente para quem exerce o poder, como comprovam as antigas relações de papas e reis com os artistas de sua época. As pessoas sempre foram vulneráveis à persuasão da arte. Por meio dela, é possível transmitir confiança, construir uma identidade.
O imperador Augusto mandou fazer sua estátua de pés descalços, homem humilde, próximo do bem e da paz. Quem patrocina protege, e quem é patrocinado apoia. Do patrocínio à tutela, o caminho pode ser bem curto. Muitas vezes o conflito foi inevitável, resultado da insubordinação do artístico. Michelangelo chegou a levar uma paulada do papa Júlio II.
Leonardo da Vinci, contemporâneo de Machiavel, aproveitou os ensinamentos e encontrou no “Princípe” César Borgia um mecenas para bancar seus projetos. Entendeu que é preciso saber assediar o poder numa troca hábil e bem negociada para que sobrevivam as ideias.
Diego Velázquez (1599-1660) foi o principal artista da corte do rei Filipe IV de Espanha. Francisco Goya (1746-1828) foi nomeado em 31 de outubro de 1799 “primeiro pintor da câmara... com direito a coche”.
Leia a reportagem completa na edição deste domingo de Zero Hora.
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ZERO HORA
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Política | Oito anos do governo Lula - Foto 1
Crédito: Wilton Júnior/AE
2001: O presidente de honra do PT e Lula, na época pré-candidato à presidência, caminhando na praia de Geriba, em Búzios, Região dos Lagos, Rio de Janeiro
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ERA LULA
Os fotógrafos da Presidência
O Fotógrafo Ricardo Stuckert Filho registrou os oito anos de Lula na Presidência. Talvez tenha sido a pessoa que teve o convívio mais próximo com o presidente.
Ricardo herdou o gosto da fotografia do pai Roberto, conhecido como Stuckão, hoje com 67 anos, que foi fotógrafo oficial do último presidente militar, o general João Baptista Figueiredo. O relacionamento da família Stuckert com o poder não se fecha com a saída de Lula. Terá continuidade com o Roberto filho, que irá acompanhar o mandato da primeira mulher eleita presidente do país Dilma Rousseff.
Ricardo herdou o gosto da fotografia do pai Roberto, conhecido como Stuckão, hoje com 67 anos, que foi fotógrafo oficial do último presidente militar, o general João Baptista Figueiredo. O relacionamento da família Stuckert com o poder não se fecha com a saída de Lula. Terá continuidade com o Roberto filho, que irá acompanhar o mandato da primeira mulher eleita presidente do país Dilma Rousseff.
Multimídia
- Na piscina do Palácio da Alvorada, pausa para relaxar
- Lula e dona Marisa, em Istambul, na Turquia, onde o presidente foi recebido pelo primeiro-ministro
- Em momento de descontração, o presidente brinca com a cadela Michele
- Entre os filhos Ricardo (E) e Roberto (D), Stuckão inaugurou a relação da família com o poder
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http://www.clicrbs.com.br/diariocatarinense/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a3153686.xml&template=3898.dwt&edition=16147§ion=846
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