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Se lhe dessem uma máquina fotográfica descartável para a mão que fotografias tirava? A nm fez essa pergunta a cinco personalidades nacionais e elas responderam. Conheça as fotos de Manuel Pinho, Alexandra Pinho, Rui Moreira, Beatriz Pacheco Pereira e Bruno Dias.
O desafio era simples: dar uma máquina descartável a figuras públicas de várias áreas e convidá-las a tirar as fotos que quisessem. O objectivo era assinalar o Dia Mundial da Fotografia, que se celebrou na quinta-feira. Encontrar quem estivesse disposto a expor as suas fotos ao mundo também não foi muito complicado, apesar de algumas recusas.
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Manuel Pinho, antigo ministro da Economia e actual presidente da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, foi o primeiro a aceitar. «Eu gosto imenso de fotografia, nem sei bem explicar porquê. Mas, mesmo assim, é raríssimo tirar fotografias. Este foi mesmo um desafio, por causa disso. Foi especial para vocês [risos]», disse.
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Como não queria participar sozinho, Manuel Pinho ofereceu como «voluntária» a sua mulher, dizendo que ela «tem muito mais jeito do que eu para estas coisas das fotografias. Percebe muito mais do assunto». E tem razão... em parte. «Só trabalho com fotografia. O que me apaixona mais na fotografia não é o tirar, mas sim o ver. Detesto tirar fotografias [risos]. Acho que sou péssima comparado com aquilo que vejo. E detesto que me tirem fotografias», explicou à nm Alexandra Pinho, directora do BESArt. O casal, como entrou de férias, acabou por tirar as suas fotos no Algarve.
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Bruno Dias, deputado do PCP, foi a «vítima» seguinte. E também não se fez rogado, mas deixou um aviso. «Para mim a fotografia é para brincar, para fazer às vezes um boneco ou outro.» Por outro lado, a ideia de usar uma máquina descartável foi aliciante. «É sem rede. É o regresso às origens, não temos lá o ecrã para olharmos para as fotos que tiramos».
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Como representantes da cidade do Porto convidámos Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto, e Beatriz Pacheco Pereira, directora do Fantasporto. Ambos grandes amantes da fotografia. «Tenho muitos livros de fotografia e tenho algumas boas fotografias», explicou Rui Moreira, revelando que gosta de «fotografar pessoas, o que é algo de muito difícil, porque as pessoas não gostam de ser fotografadas.»
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A directora do Fantasporto disse que gosta «de fotografar o todo e o pormenor. Desde uma casa a uma paisagem, de grupos familiares a caras de amigos, de jardins completos a uma flor. Tenho um conjunto de fotos de rosas que cultivei, da evolução do meu jardim desde que o plantei, fotos de nuvens sobre o Porto, da minha árvore de Natal ao longo dos anos, imagens do Porto de agora. Trivialidades e coisas muito sérias mas sempre com o prazer da forma e da luz». Esse seu gosto pela fotografia já a levou a tirar um curso. «Fiquei a conhecer melhor a minha própria máquina e a não ter medo do grande plano. Hoje em dia é fácil tirar uma boa foto. Mas ainda tiro algumas simplesmente vergonhosas.» A.M., N.C. e S.R.
UMA PAIXÃO OBJECTIVA
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Três fotógrafos amadores, três testemunhos de quem precisa de um clique para ser verdadeiramente feliz.
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No dicionário parece simples, rudimentar até. Fotografia é a «arte de fixar a imagem de qualquer objecto numa chapa ou película com o auxílio da luz». Uma definição arcaica e que peca por escassa. A fotografia não se vê apenas. Sente-se. É pessoal mas transmissível. Ser fotógrafo vai muito para lá da arte de lidar com aparelhos e técnicas cada vez mais sofisticados. E ser fotógrafo amador é, para muitos, bastante mais do que uma paixão. Falámos com três homens que, não vivendo da fotografia, também não conseguem viver sem ela. O que é para eles esta coisa de olhar o mundo através de uma lente?
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«Isto é um estilo de vida, uma coisa difícil de explicar. Não sei o que é a toxicodependência, jamais passei por essa experiência, mas ser fotógrafo amador é capaz de ser viciante como uma droga.» Francisco Calado, 46 anos, técnico administrativo na Galp, define com estas palavras a sua relação com o mundo da fotografia amadora. Apaixonado pela natureza e pela vida selvagem ? como faz questão de precisar no seu blogue ?, dedica à fotografia todo o tempo que tem disponível. E muitas vezes todo o dinheiro. «Se eu fizer um apanhado do material fotográfico que já adquiri ao longo dos tempos sou capaz de ter gasto perto de cinquenta mil euros...»
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Não é um homem rico, porém. Garante que nunca teve de contrair um empréstimo no banco para comprar esta lente ou o último grito daquele artigo. Tudo passa por tomar opções. «Não sou casado, não tenho filhos...» Não fosse assim e provavelmente seria difícil dar a este hobby tudo aquilo que dá. E dá tanto, que hoje começa até a questionar-se se não dá em demasia.
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«Já comentei com um amigo que tenho de abrandar um pouco. Não descanso, levanto-me durante a noite para fotografar, deito-me tarde... É muito cansativo.» Francisco Calado está cansado mas fala desta paixão com uma intensidade imensa. É mestre de si mesmo. «Sou um autodidacta. Fui fazendo muita burrice ao longo dos tempos, estragando mil rolos de filme... Hoje, com o digital, é mais fácil e mais barato também.» Uma vez, conta à nm, trouxe de uma viagem 72 filmes. «Estive meses para os revelar.» Apesar de possuir material de laboratório, nunca fez em casa a magia de passar as imagens da película para o papel. «Dá gozo, mas no final de contas não justifica. E é preciso espaço.»
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Francisco precisa de espaço em tudo. É no contacto directo com o mundo selvagem que se sente pleno. Muitas vezes, é a vida animal que lhe marca os ritmos. «Em vez de ter dois períodos de férias por ano tenho sete ou oito mais pequenos para fazer as minhas viagens, inteiramente dedicadas à fotografia.» Gosta de fotografar animais. Gosta da cor. Gosta do preto e branco também. Gosta sobretudo de fotografia. «Valorizo mais o aspecto artístico do que o registo em si mesmo. Uma boa foto tem de ir para lá do registo.» É, obviamente, muito artística a fotografia que nos enviou, escolhida entre milhares e captada em 2008 no rio Sabor, em Montesinho. Chamou-lhe Reflexos no Gelo. E traz-lhe grandes memórias de «momentos passados com um grupo de amigos que têm em comum as paixões da fotografia e da natureza». Paixões a que se dedica «a sério desde 1985», ainda que esta arte o cative «desde sempre», desde que se conhece.
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Aquela onda...
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Carlos Matos, de 63 anos, também é fotógrafo amador. Ao contrário de Francisco Calado, tem todo o tempo do mundo para esta arte. Está reformado desde 2006: «O último emprego que tive foi na condição de proprietário de um pequeno restaurante.» Paradoxalmente, precisa apenas de «cinco minutos por dia» para se sentir saciado, ainda que o apetite pela fotografia seja o mesmo que sentia quando era mais jovem.
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«Amo isto, a palavra é mesmo essa. Este hobby ajuda-me a sentir como se tivesse 23 anos...» Gosta de fotografia há tanto tempo que dava para viver uma vida. «Fiz muitas imagens em filme, há coisa de trinta anos, com a ajuda de um pequeno laboratório caseiro.» Tudo muito amador, mas não menos intenso, não menos apaixonado. Diz que não guarda muitas fotografias daqueles tempos: «Não tinha material a sério.» Só se lançou na fotografia amadora «há cerca de sete anos», sobretudo por influência da mulher, que tinha uma colega que era «excelente fotógrafa» e a incentivou a comprar uma máquina: «E eu fui atrás. Também comprei uma, de boa qualidade, acabada de sair no mercado.»
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Passado pouco tempo juntou um grupo de amigos e foi em curta viagem. «Demos um salto ao Magoito, era Janeiro, estava um frio de rachar. Veio uma onda que me atirou ao chão, vestido e tudo. Foi a morte da máquina, que me tinha custado uns oitocentos euros na altura.» Morreu a máquina, refinou-se o gosto pela actividade amadora.
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Carlos Matos gosta de dar um salto ao coração de Lisboa durante os finais de tarde. «As pessoas sobem o Chiado e fazem expressões engraçadas, com o sol a bater-lhes nos rostos...» Uma simples lente de 50 ou 105 milímetros «é mais do que suficiente». Não gasta muito dinheiro com o hobby, apenas o necessário. «Tenho material que deve ascender a três mil euros.» E anda sempre com a tralha às costas ou na mala do carro. «Tripé, botas, essas porcarias todas.» É assim em Portugal e no estrangeiro. Em tempos, à conta desta paixão, fez uma das suas maiores extravagâncias. Pegou em dois bilhetes de avião e deu um salto a Paris com a mulher. Um salto é mesmo a expressão correcta. «Fomos de manhã e voltámos de noite, só mesmo com o objectivo de tirar fotografias. Mas não sou um tipo rico...»
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Gosta de dizer que o seu género de fotografias «não tem que ver com o normal». O retrato de rua, de pessoas, de expressões, é aquilo que o atrai. Sobretudo de noite. Porque «é no silêncio e no escuro da noite que mais brilham as nossas almas». E é através da objectiva de uma das suas máquinas que se revelam os pormenores que tanto aprecia, o sorriso misterioso, a cara tonta, a garrafa deixada abandonada no banco de jardim. «São essas coisas, percebe? Pode ter sido alguém com pouco civismo, pode ter sido um casal de namorados que esteve a divertir-se e a beber.»
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São as histórias por detrás de uma imagem. São elas, afinal, que definem o que para Carlos Matos é verdadeiramente a fotografia, seja ela capturada por um amador ou um profissional. «Uma boa fotografia é aquela que capta o que não está explícito.» Poesia em imagem, definição de um «amador e autodidacta que se fez fotógrafo com a experiência» e que elege o preto e branco como o que mais aprecia.
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Como se fosse Camões
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Basta dar um salto ao site de Francisco Pereira Coutinho para perceber que o preto e branco também marca o seu trabalho como amador da fotografia. As suas imagens são evoluídas, emocionantes, incrivelmente adultas para quem acaba de completar 18 anos e se dedica a esta paixão apenas há três.
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«Embora saiba que há ainda um enorme caminho pela frente, espero fazer da fotografia uma amiga para o fim da vida», diz. Mas não vai fazer dela a sua profissão. Prestes a iniciar a licenciatura em Economia, leva aquela actividade como um passatempo: «Tenho as minhas fases.»
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É durante as viagens que faz com o pai ou nos passeios por Lisboa que se dedica mais à fotografia: «Não é algo que faça diariamente.» Mas quando o faz entrega-se por inteiro. E tem, apesar da curta experiência, alguns episódios para contar. Escolheu um: «Quis ir para umas rochas na praia, onde sabia que podia recolher boas imagens. Para lá chegar foi relativamente fácil, mas o pior foi sair do local. Com tanta água eu parecia Camões a nadar com Os Lusíadas na mão. Só que em vez d?Os Lusíadas tinha a máquina fotográfica.»
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Foi através da influência de um professor de Inglês que se interessou mais pela fotografia, fascínio próprio de quem sempre teve «particular atracção pelo mundo das artes», como faz questão de referir. «Fiquei impressionado. O meu professor tinha já um excelente nível e motivou-me a aprender.» Faltava-lhe uma máquina «como deve ser». Recebeu-a dos pais no dia em que completou 16 anos. E depois veio outra e mais outra.
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«Hoje é totalmente diferente dos primeiros dias. Fui adquirindo o material com dinheiro meu. Por vezes os meus familiares ajudavam. Mas já gastei uns milhares de euros nisto, não muitos...» Revela que aqui e ali já ganhou dinheiro com as fotografias que tirou. «Mas este será sempre um hobby e não um modo de vida», reafirma.
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Francisco Pereira Coutinho sabe bem o que quer, apesar de ter atingido a maioridade há pouco tempo. E sabe bem o que é a fotografia, a ponto de defini-la em poucas palavras: «É a arte de atribuir a um rectângulo um sentimento, seja ele referente a um sítio, a uma pessoa ou a um objecto.» Para Francisco, «fotografia sem emoção não é fotografia.» E é a emoção que marca a barreira entre «uma foto gira e uma foto boa». Se calhar essa é mesmo a melhor de todas as definições. D.B.
O TAXISTA FOTÓGRAFO
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Sidónio Félix, um taxista de 45 anos da ilha de São Miguel, percebeu que a vida não é só trabalhar e decidiu fazer da fotografia amadora, mais do que uma paixão, o seu modo de vida.
Um objectivo a que Sidónio se dedica com mais afinco desde finais de 2008, quando se juntou à Associação de Fotógrafos Amadores dos Açores e obteve classificações honrosas em duas iniciativas promovidas por esta associação: a exposição Forte de São Brás ? Diferentes Olhares e o concurso Desafios Globais, Soluções Europeias: Uma Visão Açoriana. Foram momentos de «clique» no gosto a sério pela fotografia, acima da vida de taxista. «O gosto existe desde criança, no entanto devido à minha profissão e à vida difícil da época, a fotografia infelizmente ficou para terceiro plano.»
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Hoje a sua concepção sobre o mundo da imagem mudou bastante. De tal maneira que tenta «fazer da fotografia a minha vida». «É uma forma de me exprimir e de representar tudo o que eu vejo», diz. P.F.
MOMENTOS DA ETERNIDADE
Imaginar a vida actual sem a fotografia é, hoje, com poucas excepções, uma quase impossibilidade. Valida os momentos importantes das nossas vidas. Expõe o que se passa perto e longe de nós, por vezes até dentro de nós. Transporta realidades e acontecimentos que a distância esconde. Mostra pormenores que definem grandes eventos. Confirma a nossa identidade. Imaginar a vida sem fotografia é quase tentar imaginar a cegueira.
Quando a fotografia foi descoberta e apresentada, em 1839, de imediato foi a sua patente disponibilizada ao público, tal o potencial que lhe foi reconhecido. Em França e no Reino Unido, discutivelmente em simultâneo, Louis Daguerre e Henry Fox Talbot, sem conhecerem os esforços um do outro, por duas vias diferentes, descobriam a solução para «fixar a sombra», abrindo possibilidades a quantos, com imagens precisas e definidas que o novo invento permitia, fossem à descoberta de um novo mundo ou procurassem preservar numa imagem aquele que conheciam.
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O processo fotográfico conhece de imediato uma adesão maciça e, apesar da sua difícil portabilidade, o mundo é esquadrinhado por quantos se aventuram, carregados de máquina e laboratório, a registar o que é belo, único e diferente, cruzando-se com os que no novo processo vêem uma oportunidade de negócio na democratização do retrato, até então um exclusivo de quem detinha poder económico.
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A necessidade de registar eventos era cerceada pelas limitações técnicas, mas não deixava de ser tentada. Das batalhas ficavam os registos da chuva de balas de canhão ou os mortos que jaziam. Dos que batalhavam ficavam retratos garbosos, feitos em acampamentos das tropas, precavendo o eventual e prematuro encontro com a eternidade. Dos conspiradores ficaram retratos, olhares fortes em frágeis placas de vidro. Dos que partiam ficava um semblante gravado numa placa espelhada. Dos que emigravam vinha a imagem da nova casa e das novas caras para familiarizar. Havia um novo mundo a ser descoberto, havia que preservar a memória do que desaparecia, havia que marcar o agora, e a fotografia afirmou o seu papel vital da máquina do tempo.
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As lentes observavam o pitoresco, como a marca do tempo nos homens e no que por eles fora construído, o importante, como grandes feitos ou pessoas, e aquilo que era considerado belo. Mais tarde, quando a fotografia já havia entrado no quotidiano, lançado a imagem em movimento e encontrado eco em novas formas de impressão, as objectivas começaram a ter causas como filtros, a criar novos simbolismos, a mostrar momentos altos da História, em contraponto com atrocidades que não podem ser escondidas.
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Enquanto milhões de imagens são disparadas por amadores que não querem esquecer os marcos do quotidiano ou visões pessoais, outras são criadas para nos seduzir sobre temas ou produtos, em produções que rivalizam com o cinema. Ao mesmo tempo, jornalistas, munidos com máquinas fotográficas progressivamente mais capazes, guiados por uma motivação de dar voz junto de outras audiências a quem o isolamento cala, prescindem do conforto e arriscam a vida, para que possam mostrar excertos de sofrimento e injustiça, muitas vezes publicados adjacentes a faustosos anúncios.
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Os milhões de imagens feitas e por fazer geram rios de palavras, ensinando técnica fotográfica e reflectindo o efeito das imagens. Roland Barthes, John Berger, Susan Sontag, Robert Adams, entre outros, enriquecem os olhares sobre um espólio que o tempo torna mais nosso e valioso. A cada disparo, de centésimos de segundo, vamos fixando o presente que a fotografia nos ofereceu: uns minutos da eternidade. R.C.
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Uma Photographia por si só vale por mil palavras?