domingo, 29 de agosto de 2010 7:36
Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
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O que motiva um clique? Por que alguns fotógrafos escolhem temas quase oníricos para expressar suas ideias? Quão documental pode ser uma foto? Essas e outras questões são abordadas no livro A Fotografia como Arte Contemporânea (Editora Martins Fontes, 248 págs., R$ 59) da diretora de criação do Museu Nacional de Mídia do Reino Unido, Charlotte Cotton.
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Sua motivação, explica a autora, é que nunca o mercado esteve tão aberto à arte fotográfica. "Sempre houve quem a promovosse como uma forma de arte ao lado da pintura e da escultura, mas nunca essa perspectiva foi difundida com tanta frequência e veemência como agora", explica.
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A pesquisa de Charlotte detectou oito categorias de fotografia na contemporaneidade, que foram divididas em capítulos. Temáticas, estilos, estéticas, paisagens urbanas e rurais ora desoladoras, ora cheias de vida, independentemente de haver pessoas enquadradas. O crivo da autora, que já foi curadora de exposições diversas no Reino Unido, vai além de organizar publicações do gênero. Artistas japoneses, suíços e taiuaneses, além dos britânicos, são explorados.
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A autora destrincha cada imagem que escolheu colocar no livro: detalha influências, um possível contexto histórico, localização e por vezes identifica os personagens.
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O resultado do trabalho é um apanhado de imagens em sua maior parte impactantes ao primeiro olhar, mas cheias de significados. Sobretudo para os que sempre se perguntaram o que se passa na cabeça dos fotógrafos antes e depois de produzir as imagens.
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A primeira parte se dedica justamente a isso: de como se é possível subverter o pensamento de que o fotógrafo é apenas um colecionador de momentos aleatórios. Aqui, a fotografia é um objeto artístico por si só e não como simples registro do que se passou.
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O uso documental também é abordado, numa retrospectiva quase histórica dessa arte que transcende o fotojornalismo.
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Um dos capítulos mais interessantes, porém, é o que retrata a vida íntima. Nudez, mulheres que acabaram de dar à luz, aspectos do corpo humano que podem causar repulsa transfigurados em suporte para uma manifestação que pode ser até sutil. Larry Clark, fotógrafo que invariavelmente se aventura no cinema (como em Kids, de 1995), é um dos profissionais que tiveram fotos selecionadas nessa seção. Outro cineasta, O alemão Wim Wenders, também tem seus registros.
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Uma Photographia por si só vale por mil palavras?