Mostra da criação de Henrique Silva no Porto
2010-05-01
ISABEL PEIXOTO
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O Centro Português de Fotografia, no Porto, inaugura amanhã uma exposição e uma instalação, às 16.30 horas. A primeira das iniciativas está relacionada com a ilha da Madeira, enquanto a outra, da autoria de Henrique Silva, "fala" sobre a sociedade moderna.
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Constituída por 32 imagens da colecção Alcídia e Luís Viegas Belchior e que pertencem à colecção nacional do Centro Português de Fotografia (CPF), a mostra "Recanto do oceano" estará patente até ao próximo dia 22. Nela, o visitante pode aperceber-se daquilo que a instituição considera serem as inabaláveis referências culturais, sociais, geográficas e paisagísticas da ilha que, em Fevereiro passado, foi fortemente atingida pela fúria da Natureza..
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Numa nota enviada à Imprensa, o CPF refere que, com esta exposição, composta por imagens a preto e branco, o que se pretende é "retratar a beleza da ilha do Atlântico", onde a recente tragédia não afectou "a memória de um romantismo idealizado e vivenciado entre o século XIX e o século XX". Acrescenta que se trata, ainda, da "possível e justa homenagem à ilha da Madeira e aos seus habitantes, que todos os dias conquistam as adversidades do relevo e do imprevisto"
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Entre as fotografias expostas, estão imagens que mostram a faceta turística da ilha. Há pelo menos duas em que se vêem carros de passeios: um puxado por uma junta de bois, cuja inscrição original é "Madeira/Bullock Carro"; outro gerido pela força de braços, daqueles que ainda hoje são uma das imagens de marca do turismo da Madeira. Um dado curioso podemos aqui acrescentar: há muitos casos em que se desconhece a autoria, sendo de admitir que certas fotografias tenham sido tiradas por turistas.
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Instalação até Julho
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Já "Sussurro", obra do artista plástico Henrique Silva, pode ser vista até ao dia 25 de Julho. Trata-se de uma instalação de 60 painéis de madeira que rodam sobre o próprio eixo e que têm imagens na frente e no verso. Técnica que acaba por ser dupla, uma vez que se trata de fotografias em que cada pessoa aparece de frente e de costas.
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"As sociedades organizadas satisfazem a necessidade social da espécie humana acumulando grupos que se identificam como entidades congénitas institucionais levadas ao paradigma da escala de poder onde uns são mais que outros", dizia o autor, em jeito de apresentação do seu trabalho, visto pela primeira vez em 2008. Nessa mesma nota, Henrique Silva lançava a questão: "Que espécie humana permite essa escala que pejora a relação saudável da sociedade onde está sujeita à necessidade de presença do semelhante, como um castigo, e onde a quietude não tem lugar...?".
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As pessoas aparecem em tamanho real, como se fossem personagens anónimas, podendo o visitante andar entre elas. Mas, para que circule, tem de empurrar os painéis. É como se se tratasse da hora de ponta numa grande cidade, pretendendo o autor destacar o anonimato acentuado pela falta de espaço vital a cada pessoa.
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