sexta-feira, 2 de outubro de 2009

MORREU O FOTÓGRAFO ENEAS LOPES

A Noticia - joinville - 2 de outubro de 2009. | N° 542 Voltar para a edição de hoje

PERSONALIDADE

Dia de luto para a fotografia

MORREU O FOTÓGRAFO ENEAS LOPES, AMIGO E APOIADOR DAS ARTES EM JOINVILLE. DESDE 2005, ELE ERA UM INCANSÁVEL AGITADOR CULTURAL

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É difícil encontrar uma fotografia recente de um espetáculo de teatro ou dança que não tenha saído das lentes do fotógrafo Eneas Lopes. Ele faleceu na noite de quarta-feira, duas horas após ter sido internado na UTI do Hospital Dona Helena, vítima de um aneurisma abdominal. A notícia da morte do talentoso fotógrafo pegou de surpresa não só a família, mas toda a comunidade artística de Joinville. O enterro foi ontem à tarde.
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Aos 55 anos, o paulistano de Taubaté tinha três filhos e era casado com Elza Ebina, com quem morava em Joinville desde 1997. A paixão pela fotografia surgiu na vida dele em 1984, quando comprou sua primeira máquina, uma Minolta DRT 101B. Tendo o ofício apenas como hobby, Eneas, por motivos pessoais, acabou deixando um pouco de lado a fotografia, arte que foi reacendida no final de 2005, quando trocou a máquina antiga por uma digital.
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O envolvimento dele com a arte está eternizado em seu próprio trabalho. Os bastidores das peças teatrais eram sempre o alvo preferido dos seus cliques. “Para encontrar o Eneas era só ir na Cidadela”, conta o amigo também fotógrafo Luiz Hille, que via no companheiro de profissão um grande interesse em buscar conhecimento na área.
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Durante o Festival de Dança, as lentes de Eneas estavam sempre atentas aos movimentos dos bailarinos. “Ele adorava buscar uma luz ou um ângulo diferente para uma foto. Sempre tentando ter um diferencial no seu trabalho”, lembra o fotógrafo Nilson Bastian, que há quatro anos costumava encontrar Eneas nos eventos culturais, principalmente nas peças teatrais. “Ele sempre dizia que ele se espelhava em mim quando o trabalho era com dança”, completa Bastian.
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“Eneas era sempre muito dedicado e fazia trabalhos voluntários por puro prazer de estar envolvido com os movimentos artísticos”, ressalta o presidente da Associação Joinvilense de Teatro (Ajote), Amarildo de Almeida. A atriz da Faunos Cia Teatral Daiane Dordete reforça os elogios ao fotógrafo: “Pelo pouco que eu o conheci, deu para perceber que ele era muito generoso, qualificado e estava sempre de prontidão para nos ajudar”.
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Apesar do amor e dedicação pela fotografia, Eneas dividia o seu tempo em uma lavação de carros, da qual era dono. Há um ano, o fotógrafo também era um dos professores do curso de fotografia do Conservatório Belas Artes de Joinville. “Em 2008, Eneas fez o primeiro trabalho para o Conservatório. Como gostamos do resultado e porque ele tinha interesse em unir a fotografia com o ensino, acabamos chamando-o para fazer parte da nossa equipe. Depois que ele começou, os alunos acabavam o curso sempre querendo mais”, relata a coordenadora pedagógica da escola, Mirtes Strapazzon.
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A exposição fotográfica “Uma Visão em Cada Lente”, composta pelos resultados do curso, que iria abrir ontem, foi adiada para o dia 6 de outubro e terá uma homenagem ao professor.
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No currículo, Eneas tinha a exposição “Gotas d’água”, projeto contemplado em 2005 pela Fundação Cultural; a cobertura das apresentações da bailarina Ana Botafogo no SCAR, em Jaraguá do Sul; a apresentação anual da Escola Carmen Romero de Dança Flamenca de Curitiba, no Teatro Guaíra; e o Grupo Tholl e Tambores do Japão no aniversário de Joinville, em 2008.
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Dentre os trabalhos mais recentes do fotógrafo está a exposição “Movimento em Cena”. Eneas também foi integrante do primeiro Conselho do Leitor do caderno “Anexo”, em 2007.
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“Para encontrar o Eneas era só ir na Cidadela”
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LUIZ HILLE, fotógrafo.

“Ele adorava buscar uma luz ou um ângulo diferente”
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.NILSON BASTIAN, fotógrafo.

“Eneas era sempre muito dedicado e fazia trabalhos voluntários por puro prazer”
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AMARILDO DE ALMEIDA, da Ajote.
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“Ele era muito generoso, qualificado e estava sempre de prontidão para nos ajudar”
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DAIANE DORDETE, atriz.
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“Depois que ele começou, os alunos acabavam o curso sempre querendo mais”
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MIRTES STRAPAZZON, coordenadora pedagógica do Conservatório.
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Uma Photographia por si só vale por mil palavras?