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_Negócios
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quinta-feira, 6 de agosto de 2009, 09:23 | Online
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Agência Gamma, onde Sebastião Salgado trabalhou, busca investidores
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Andrei Netto, de O Estado de S. Paulo
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Os problemas financeiros foram externados em 30 de julho, quando o Grupo Eyedea Presse, proprietário da agência, fez o pedido de concordata no Tribunal de Comércio de Paris, depois de experimentar perdas de 3 milhões em 2008.
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A Gamma e a Rapho - a mais antiga agência de fotojornalismo da França, propriedade do mesmo grupo - empregam hoje 55 pessoas, dos quais 14 fotógrafos. Junto com o pedido de concordata, a Justiça designou um administrador judiciário, que terá a missão de analisar o plano de recuperação a ser elaborado pela companhia. Um programa de demissões voluntárias está previsto. Caso o esboço não seja aceito pela Justiça, ofertas de aquisição serão consideradas, antes da eventual falência.
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Ao lado das agências Sygma e Sipa, a Gamma passou a ser referência no jornalismo europeu pouco após sua criação. Sua estratégia era investir em fotos de personalidades, ao mesmo tempo em que fazia grandes reportagens, muitas das quais em zonas de conflito em todo o mundo. Além disso, abrigava em seus quadros profissionais que se tornaram referências internacionais, entre os quais o brasileiro Sebastião Salgado, entre 1975 e 1979.
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De acordo com o diretor-presidente de Eyedea, Stéphane Ledoux, parte das dificuldades financeiras está relacionada justamente ao seu modelo de negócios. "A imprensa não se interessa mais pelos temas profundos, cuja produção custa caro e é vendida cada vez mais barata", argumenta.
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A crise também teria se aprofundado a partir de dezembro, quando a imprensa norte-americana, também prejudicada pela crise do setor, reduziu os pedidos de pautas.
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Hugue Vassal, fotógrafo e um dos fundadores da agência, entretanto, tem outra análise para a concordata. Para ele, a mudança na forma de pagamento dos profissionais, que previa a divisão do lucro de uma foto em 50% para a agência e 50% para o fotógrafo - um modelo do qual a Gamma fora uma das pioneiras -, teria diminuído o interesse de grandes fotógrafos, resultando em queda da qualidade.
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Outra razão, segundo Vassal, teria sido o advento da foto digital. "Hoje, em uma guerra ou em um terremoto, teremos a foto de todo modo. Na época, vendíamos uma reportagem por 15 mil. Hoje, vende-se por 3 mil. A época de ouro acabou."
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Mesmo com a turbulência financeira, o destino da Gamma não está selado. Além do prazo de seis meses para buscar novos investidores, a agência deve contar com o suporte do governo francês. O sinal foi dado pelo ministro da Cultura, Frédéric Mitterrand, ao afirmar que está "à escuta dos profissionais nesse momento difícil".
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