O cemitério da Santa Casa da Misericórdia de Setúbal foi construído fora de portas no século XVIII, na vizinhança da Igreja dos Grilos, pertencente ao Convento da Ordem de Santa Teresa dos Agostinhos Descalços (Grilos). Com a proibição dos enterramentos dentro das igrejas ou no adro destas, na sequência das Revoluções Liberais e por razões de saúde pública (sec XIX), presumo que tenha sido na cerca deste que o Cemitério de N. Sra da Piedade (ou Cemitério Velho) foi construído, delimitado a SW pela Igreja Paroquial de S. Sebastião e a SE pelo que resta dum dos baluartes setecentistas. No seu interior situava-se também, murado, o chamado Cemitério dos Ingleses, hoje com ar de abandono. de arquitectura sóbria e despojada, contrastando com o "barroquismo" dos portugueses.
Na cabeceira do que foi o Cemitério da Misericórdia - cuja entrada se faz(ia) pela Rua Santos Silva - encontra-se um altar de azulejos historiados e do cimo do baluarte existe uma
esplanada em aterro com vista para a cidade e para o estuário do Sado. Já a entrada para
o Cemitério dos Ingleses se faz(ia) pela Rua Francisco José Mota, ambas nas
traseiras da Igreja do Grilos
Altar do Cemitério da Misericórdia
Uma análise deste monumento classificado como "Património Cultural" encontra-se em
Em "O Palácio da Comenda e a "Balada da Praia dos Cães"" (1) fiz referência a um outro edifício da Herdade da Comenda onde também foi rodado o filme (1982). Finalmente descobri as fotos por mim tiradas em 1979 onde ele figura. Podem comparar com um excerto da película.
Foi praia de
banhos, até que os veraneantes a
trocaram pela Costa da Caparica; a sujidade actual não convida a mergulhos. Das
antigas casas de colmo dos pescadores nada resta. Na outra margem avista-se a
zona de Belém, destacando-se o monumento aos Descobrimentos. Esta povoação é
referida nos livros de história como vítima da violência do Marquês de Pombal, que
mandou incendiar as cabanas de madeira e colmo dos seus habitantes, que
pretendiam fugir à sua justiça. (Notas de Viagem 1997)
2001
Trafaria
Não podemos visitar o Forte nem a igreja: dois soldados dizem que está
tudo destruído e que vai ser tudo demolido; estão a fazer pequenas obras por
causa da rodagem de um filme. No Largo da República fica a Igreja de S.Pedro,
com nada de especial.
Porto Brandão
Foto à Ponte 25 de Abril. A povoação tem um ar muito pobrezinho e
decadente; as casas são todas velhas. Na vila há registos de azulejos da .Sra
da Conceição e muitas casas estão cobertas com azulejos estilo “casa de banho”.
Algumas casas antigas têm beirais de madeira mais ou menos rendilhada. (2001.03.31)
2016
Regresso à Trafaria numa tarde soalheira, rápido pela paisagisticamente desinteressante A2, saindo no Fogueteiro rumo a Corroios seguindo pela inóspita e agreste EN 10, estreita, de transito automóvel ronceiro e congestionado, desengraçadamente ladeada de prédios de vários pisos ou simplesmente térreos onde me desagradaria imenso viver. Chegado ao Alto do Moinho, os meus amigos dão-me à escolha o rumo e decido pela Trafaria, quase na embocadura do Tejo com o Atlântico.
O caminho até lá já não se faz por estreitas e inóspitas vias como as anteriores mas por larga e desafogada via rápida ladeada por campos verdejantes, via rápida construída não para os turistas - pois degradadas e com ar de abandono estão desde há muito tempo muitas das povoações ribeirinhas, mas para facilidade de circulação dos camiões que transportam os cereais descarregados na Trafaria, neste tempo em que, destruída ou desmantelada a produção nacional, quase tudo tem de ser importado.
Á povoação está quase deserta, mesmo à beira-rio, com Lisboa no horizonte. O que sobressai é o fantasmagórico cais onde um barco descarrega cereais para armazenamento num gigantesco silo. Mais para oriente outro cais, o dos ferry-boat, mesmo a lado do abandonado e degradado Forte da Trafaria, sem nada de especial ou imponente, que foi Presídio Militar, e no interior do qual se avista a altaneira torre duma igreja, sobressaindo por cima da muralha e da porta de armas. Circumvizinhas mais ruínas, desolação e abandono; outra igreja, destelhada, a gare rodoviária, a estação ferroviária ... Á beira-rio alguns restaurantes esperam pelos comensais que deverão chegar mais lá para o fim do dia. A maré está enchente; no areal as ondas desfazem-se plácdamente enquanto batem com pequeno fragor na muralha do Forte, refluindo em rendilhados de branca espuma.
Sobretudo no largo da República onde se encontra a despretensiosa igreja de S. Pedro, a Trafaria faz-me lembrar uma outro povoação que me encantou, Gaio-Rosário, esta na Moita, Mas ficam-se por aqui, também com Lisboa no horizonte, as parecenças com a bem cuidada povoação da Moita.
Terra de pescadores, que ainda hoje se dedicam à pesca de ameijoas, apesar da proibição da sua apanha devido à poluição. Por ter dado abrigo a fugitivos das incorporações militares, os pobres casebres dos pescadores foram mandados incendiar no século XVIII (1777) e no tempo do despotimo iluminado de D. José e do poderoso Marquês de Pombal, tal como sucedera no Algarve em Santo António da Arenilha, cujos pescadores se haviam recusado a povoar a recém erguida Vila Real de Santo António.
Mais tarde, nos finais do séc XIX e primeira metade do XX a Trafaria torno-se uma estância balnear da burguesia lsboeta, com casino, e edificação duma colónia balnear em 1901.
(descarregando cereiais)
(estação rodoviária, em ruínas)
Lisboa no horizonte
(cais dos ferry-boat)
(Praceta do Porto de Lisboa)
ruínas de igreja junto ao Forte e à antiga estação rodoviária (Rua Guedes Coelho)
Ermida de Nossa Senhora da Conceição
O Forte
o antigo Casino
casario
(passeio à beira-rio)
(Avenida Bulhão Pato)
Largo da República
(igreja de S. Pedro)
gatos refastelados ao sol
de novo à beira-rio
(passeio à beira-rio)
Para terminar dois vídeos que não são de minha autoria