Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

sábado, 10 de dezembro de 2016

no Porto, entre Cedofeita e os Clérigos, mas não só

* Victor Nogueira


Nesta época do ano são cada vez mais curtos os dias mas apesar da relativa hora tardia de saída do Mindelo resolvi não adiar de novo o périplo entre Cedofeita e os Aliados, Descarto a EN 13 pelo previsível pára-arranca escolhendo como alternativa a A28, que em vários troços encontro exasperantemente lenta e de trânsito pouco fluido. Desemboco na Rotunda da Boavista ou Praça Mouzinho de Albuquerque, a Casa da Música à minha direita. Na Rotunda vislumbro uma série de pavilhões que me parecem uma Feira do Livro mas prossigo. Inflicto pela Rua Júlio Dinis para o Palácio de Cristal mas a meio faço inversão de marcha - ainda bem que o fiz pois na Cordoaria e nos Clérigos verifico depois que o trânsito automóvel está empastelado, de carros e transeuntes.  

No Porto sempre houve montes de garagens onde os moradores podiam guardar os carros a troco duma mensalidade acessível. Na Rua de Cedofeita sempre as houve e volto a reparar nelas. Não encontrando lugar a céu aberto (na "garagem das estrelas", segundo o meu avô paterno) nem na Eua de Cedofeita nem na dos Bragas, resolvo retornar à de Cedofeita e escolha uma a céu aberto, antquíssima, num terreno baldio, que ostenta o  dístico "verde" de haver lugares livres. Puro engano pois lá dentro é um pandemónio e não há  um único lugar vago por entre os automóveis que se amontoam, Desisto e à segunda passagem encontro na Rua dos Bragas lugar para estacionar o Fiesta e prossigo a passeata a pé.  Prevenindo eventuais multas o local que aproveitara estava devidamente assinalado embora hoje fosse gratuito, devido ao feriado. Há alguns poucos lugares no outro lado da rua, apesar do sinal hoizontal, linha amarela contínua na borda do passeio, mas isso nada siginfca aqui no Porto, pois múltiplas são as ruas em que as pessoas - moradoras ou não - ignoram tal proibição absoluta.

Apesar de ser feriado, o comércio está aberto e as ruas pejadas de transeuntes. Contudo as  esplanadas de cafés e pastelarias estão praticamente vazias, os clientes no seu interior mas não a abarrotá-lo.


Ao fundo o Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular, com o leão britânica esmagando a águia napoleónica, obra do escultor Alves de Sousa e do arquitecto Marques da Silva





Casa da Música



Rotunda da Boavista

Rua de Júlio Dinis










Rua de Cedofeita, no entroncamento com a Rua da Boavista




Rua dos Bragas




Capela  dos Anjos Franciscanos

A esta capela vinha o meu avô materno à missa e eu também, até aos 22 anos, quando para grande desgosto da minha mãe e do meu avô deixei de ser católico ou adepto de qualquer religião.
Quando lá re-entrei desta vez algumas poucas pessoas monocordicamente rezavam o terço. Também na casa do meu avô materno se rezava o terço diariamente, ao fim do dia.






A porta central era duma carvoaria e a da direita a de acesso aos pisos superiores, onde moravam os meus avós matrernos. 




É uma ruína a casa com o nº 330 onde durante décadas habitou o meu avô Barroso e onde o meu pai namorou a minha minha mãe, primeiro da rua para a sacada do 1º andar e depois ao postigo da porta fechada, a minha tia Almira contrafeita a servir de "guardiã" da moral, do recato e dos bons costumes no cimo das escadas. Aqui faleceu o meu avô em 1976. Toda a vida foi guarda-livros (contabilista) no BNU, na Praça da Liberdade






Instalações da antiga Companhia Aurífera




Rua de Cedofeita
















Do Bazar dos 3 Vinténs, onde creio que se vendiam brinquedos, resta apenas o painel (natalício) que sempre ali conheci


Praça Carlos Alberto 
(anteriormente Largo do Ferradores e Praça da Feira das Caixas)

Esta Praça era uma movimentada encruzilhada de caminhos, uns para Braga e Santiago de Compostela, outros para Barcelos ou Guimarães. Por isso havia muitas hospedarias e oficinas de ferradores. Com a evolução dos  meios de transporte estas foram substituídas pela Feira das Caixas, por aqui se venderem as maletas de madeira que os emigrantes utilzavam para acondicionar os parcos haveres rumo à terra da promissão que era então o Brasil. Também aqui se realizava duas vezes por ano a Feira dos Moços e das Moças,  que atraíam os jovens que procuravam trabalho na lavoura. Em Abril e Novembro concentravam-se nesta Praça os candidatos e a ela afluíam os lavradores das redondezas, de Paranhos, Campanhã, Foz do Douro, Matosinhos, Gondomar, Maia ... Aqui se escolhia a mão de obra para os trabalhos de Verão e de Inverno e se ajustavam os contratos. 




 Hospital da Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo (1791 / 1800)



Monumento aos Mortos da I Grande Guerra (1914 / 1918), da autoria de Henrique Moreira (1928)





Praça Gomes Teixeira e Jardim da Cordoaria






Igrejas do Carmo e das Carmelitas



Torre dos Clérigos



Reitoria da Universidade do Porto
Creio que em 1966/67 era aqui que funcionava a Faculdade de Economia do Porto, onde estive matriculado antes de pedir a transferência para o ISCEF, em Lisboa



Igreja e Torre dos Clérigos, projecto de Nicolau Nasoni



Praça de Lisboa


Rua dos Clérigos








Rua das Carmelitas






Com este velhote conversavam duas transeuntes mas a maioria das pessoas nem reparavam nele. Nos anos a seguir ao 25 de Abril desapareceram  os pedintes das esquinas, ruas e adros das igrejas mas desde os Governos de Cavaco Silva eles retornaram em número crescente. 







Livraria Lello  e Irmão.  projeto do engenheiro Francisco Xavier Esteves (1908)

Uma catedral da literatura, onde sobre as peanhas estão bustos de escritores portugueses e o vitral colorido do tecto (autor Gerardus Samuel van Krieken) ostenta a divisa "Decus in Labore". As entradas agora são pagas e deduzidas no valor das compras. A fila enorme à porta á espera de vez para poder entrar foram um elemento dissuasor da minha visita. Poupei nos livros que seguramene adquiriria.


Praça de Lisboa


Praça Gomes Teixeira









A Praça estava cheia de estudantes de capa e batina, como se  fossem grilos, e junto à Reitoria um numeroso grupo vestido de amarelo e com uma saco branco à cintura e nas costas  com dizeres  que não consegui ler estava reverentemente ajoelhado, como monges budistas, "pastoreados" por colegas de negro vestidos.






Fonte dos Leões



Igrejas do Carmo e das Carmelitas




Montra da Loja da INCM

Creio que é ou era no 1º andar deste edifício que funcionava a UNICEP - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, de que fui associado durante muitos anos, em simultâneo com a Livrelco - Cooperativa Livreira de Universitários, em Lisboa 



Praça Carlos Alberto







Monumento ao General Humberto Delgado, da autoria de José Rodrigues (2008)

Pensei que fosse a estátua dum carteiro, com a maleta da correspondência, mas não, é uma estátua do General Humberto Delgado que do Café Luso falou a um mar de gente em 14 de Maio de 1958. As eleições para a Presidência da República foram a habitual fraude  e o General acabou assassinado pela PIDE anos depois, na raia de Espanha ( 13 de Fevereiro de 1965)

Por detrás o Palacete dos Viscondes de Balsemão, onde esteve alojado o Rei Carlos Alberto do Piemonte e da Sardenha, após a sua abdicação. Na altura nele funcionava a Hospedaria do Peixe 






Rua de Cedofeita







Rua da Boavista





Nas fotos acima o Grande Colégio Universal que frequentei em 1962 / 63. No ano seguinte e antes de regressar a Luanda frequentei o Colégio Almeida Garrett, mas dum e doutro nada tenho em memória.



Centro Comercial (Shoping) Brasília


fotos em 2016.12.08

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