Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

domingo, 11 de setembro de 2016

Vila do Conde quinhentista e ribeirinha

* Victor Nogueira



* Victor Nogueira

A tarde está soalheira, passo pela zona medieval em torno da Praça Vasco da Gama, atravesso a Rua 25 de Abril, prossigo pela de S. Bento, demorando-me pelo Largo do Laranjal, à ida e à volta. Dele se entrevê a zona ribeirinha e a caravela fundeada no cais onde outrora se situavam os estaleiros navais desde a época dos Descobrimentos e a Alfândega Régia. É aqui, no Largo Dr. Cunha Reis, que se inicia esta mostra photographica.

Toda esta zona, incluindo o Cais das Lavandeiras e o Largo da Alfândega foi requalificada, sendo  aprazível, com as pessoas por ela vagueando, não muitas porque o entardecer se pôs cinzento e ameaçando chuva. A Caravela e o e o edifício  da Alfândega Régia são espaços museolizados, já encerrados para visitas a esta hora. Daqui se avista a Capela do Socorro, á qual acedo pela pequena mas íngreme Calçada de Santiago até à Rua do Socorro e desta ao pequeno templo lá mais acima, Tirando esta e o miradouro que a circunda, tudo tem um ar inestético e degradado, que uma intervenção para reconversão urbanística talvez tornasse mais agradável. Nesta rua descaracterizada -  salvo o mau gosto - algumas casas de pedra - uma delas com porta manuelina - estão lado a lado com casas de finais do séc. XIX com muitas outras que são simples mamarrachos. Não se vislumbra vivalma, salvo um ou outro carro e duas mulheres que saiem duma casa empurrando rua acima um carrinho de  bébé.  Esta Rua do Socorro desemboca na dos Prazeres, cerca do Largo das Laranjeiras e do Convento do Carmo.

A Capela de N. Sra do Socorro "foi erguida em 1559 por iniciativa de Gaspar Manuel, "piloto-mor da carreira da Índia, China e Japão que custeou as obras", possívelmente em cumprimento de um voto a Nossa Senhora do Socorro. De pequenas dimensões, é singular pelo seu formato e cobertura, semelhante à de templos orientais por onde estanciou o seu patrono.Esta capelinha é de planta circular e elíptica, formada por dois corpos,dos quais, o mais pequeno está orientado para Meca.".(wikipedia). Por se encontrar encerrada não me é possível apreciar a decoração interior de belíssimos azulejos do século XVIII, representativos da vida de Cristo, bem como o retábulo de estilo rococó. 

Nos dois muretes que ladeiam a escadaria de acesso existem três lápides, uma delas reproduzindo uma quadra de José Régio.

E o sol desmaia na cal 
da capela a branquejar
da Senhora do Socorro
onde sonhei me ir casar

Como atrás se referiu o templo, onde jazem os fundadores e que  era também da invocação de N. Sra da Boa Viagem, situa.se no cimo dum pequeno maciço rochoso, constitui  um miradouro do qual se avista o Rio Ave de montante até à foz e, na margem direita, desde o Convento de Santa Clara até ao Cais dos Assentos. No rio deslizam velozmente dois pequenos kayak.

Largo Dr. Cunha Reis





(capela de N. Sra do Socorro)

Cais das Lavandeiras e Largo da Alfândega




(antiga Alfândega Régia)









O lugre "Tentador" no estaleiro de Vila do Conde Imagem publicada na Ilustração Portuguesa
http://naviosenavegadores.blogspot.pt/2010/10/navios-bacalhoeiros-do-porto_24.html


 Um aspecto dos antigos Estaleiros Samuel & Filhos, Lda.
http://www.rancho-da-praca.com/estaleiros/estaleiro_1.html
http://www.rancho-da-praca.com/estaleiros/estaleiro_2.html


a caminho da Capela do Socorro









E o sol desmaia na cal 
da capela a branquejar
da Senhora do Socorro
onde sonhei me ir casar














(Cais dos Assentos, Largo da Alfândega e foz do Rio Ave)
  

Rua do Socorro, da Capela à Rua dos Prazeres






(vistas a partir da Rua do Socorro)











Rua dos Prazeres











(ao fundo o Convento do Carmo)



7ª Estação da Via Sacra




2016.09.10

1 comentário:

Mona Lisa disse...

Adorei este passeio. Pouco conheço do que visitei, agora.
Uma reportagem de luxo!
😘