Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

domingo, 5 de outubro de 2014

“Ostras do Sado”, do Arquivo Fotográfico Américo Ribeiro

A ostra setubalense é o tema dum festival gastronómico a decorrer desde 27 de setembro e até 12 de outubro em meia centena de restaurantes de Setúbal, O Festival é complementado pela exposição “Ostras do Sado”, com imagens antigas do Arquivo Fotográfico Américo Ribeiro relativas à atividade ostreícola e exemplares de ostras e fósseis do sapal do Sado e da Arrábida, estas propriedade de Célia Rodrigues.

A mostra, patente na Casa da Baía durante a dinamização da iniciativa gastronómica setubalense, entre 27 de setembro e 12 de outubro, pode ser visitada todos os dias, das 09h00 às 20h00.

* Victor Nogueira (texto e fotos)

A beleza e a concisão da foto a preto e branco não disfarçam, antes realçam, a extrema miséria e dureza de vida das classes populares em Setúbal, terra onde a luta de classes sempre se manifestou, desde a resistência à ocupação castelhana, sem esquecer os tempos do "ouro branco" que constituía a extracção do afamado sal do Rio Sado, a apanha das ostras, a indústria conserveira ou, mais recentemente, a construção naval e a metalo-mecânica pesada, tudo actividades económicas reduzidas a nada com  o passar dos tempos. Restam os registos, a(s) memória(s) e os festivais.

E neste 5 de Outubro, a memória de Mariana Torres e António Mendes, operários conserveiros setubalenses, assassinados pelas forças policiais a 13 de Março de 1911 em plena avenida Luísa Todi, na sequência duma manifestação de reivindicação por melhores condições de trabalho. Numa luta condenada pela republicana e feminista Ana de Castro Osório, posicionada no  lado oposto da barricada, o dos proprietários da indústria conserveira.





~






Sem comentários: